11.5.10

Casa Horner, 1913


O edifício comercial e habitacional para a Michaelerplatz, a casa Steiner e a vila Scheu, lançam de certa forma as premissas fundamentais para o desenvolvimento da linguagem loosiana que neste exemplo da casa Horner começa, também pelo recurso mais ou menos subtil a um jogo de repetições, a tornar-se mais densa e complexa particularmente pela notável habilidade de articulação espacial. Talvez seja esta a sua repetição mais recorrente, o jogo do espaço, mas não é certamente a única.
Enfrentado por um problema semelhante ao da casa Steiner, onde os regulamentos não permitiam uma construção acima de um piso, também as soluções reflectem a mesma abordagem. Aproveitando o terreno desnivelado, Loos eleva ligeiramente o piso do embasamento, ganhando assim cota suficiente para, o que na fachada principal surge como uma cave, altura suficiente para tornar o piso inteiro na fachada posterior, aberta para o jardim. Erguida num bairro residencial dos subúrbios cidade de Viena, a casa Horner apresenta-se como um objecto algo insólito para o ambiente urbano burguês vienense do início do século XX. O seu corpo principal, de tendência cúbica, encimado por um meio-cilindro revestido a placa de zinco, cuja forma radical deriva de uma solução técnica, já usada pelos mesmos motivos na casa Steiner, que permite ganhar mais um piso e uma zona de águas furtadas mais generosas, denotando um claro esforço de maximização das possibilidades. Outro elemento recorrente em Loos é a presença, quase constante de resto, do terraço. Na fachada este da casa, um volume paralelepipédico sobressai, possibilitando uma zona exterior no piso dos quartos e um espaço de comunicação para o jardim no piso social da casa.
A distribuição dos espaços interiores denota uma extrema simplicidade de organização espacial. De planta quadrada e aproveitando o facto de todas as fachadas possibilitarem aberturas, os espaços articulam-se em volta de uma zona única de serviços, estando o primeiro piso reservado às zonas sociais e o segundo as zonas nocturnas, com a concentração de serviços na cave.